A terceira onda ocorre no “século XVI com a descoberta e a conversão ao cristianismo dos povos do “novo mundo”, especialmente pela obra dos frades”
Vamos falar da evangelização da América Latina. Depois que Cristóvão Colombo voltou da viagem com a notícia da existência de novas terras a Espanha católica tomou, inseparavelmente misturadas, duas decisões: a de levar a fé cristã para os novos povos e a de estender sobre eles a soberania política espanhola.Quando penetravam num país, as tropas divulgavam toda vez um requerimento que mandava os habitantes abraçar o cristianismo e reconhecerem a soberania do rei da Espanha.
Em pouco mais de cinqüenta anos, graças também à fragilidade e às divisões dos reinos locais, o continente já estava sob o domínio espanhol e, pelo menos nominalmente, sob domínio cristão. Tomando ao pé da letra o adágio “Extra Ecclesia nulla salus”, eles tinham convicção da necessidade de batizar o máximo de pessoas no tempo mais curto, para garantir a sua salvação eterna.
Este não é o contexto para dar um parecer histórico sobre a primeira evangelização da América Latina, é claro. João Paulo II afirmou: “Sem dúvida, nessa evangelização, como em toda obra do homem, houve acertos e erros, luzes e sombras. Mais luzes do que sombras, a julgar pelos frutos que encontramos depois de quinhentos anos: uma igreja viva e dinâmica que representa hoje uma parte relevante da Igreja universal” (14 de maio de 1992).
Eu li em algum lugar esta afirmação que compartilho por inteiro: “A coisa mais importante que aconteceu em 1492 não foi que Cristóvão Colombo descobriu a América, mas que a América descobriu Jesus Cristo”. Não seria honesto desconhecer o sacrifício pessoal e o heroísmo de tantos desses missionários.. Eles queriam conquistar almas para Cristo, não súditos para o rei da Espanha, mesmo compartilhando o entusiasmo nacionalista dos seus compatriotas.
O dom da Igreja católica é ser, justamente, católica, ou seja, aberta a acolher os dons mais diversos que provêm do mesmo Espírito. A história das ordens religiosas mostra isso.Há espaço para uns e para outros. E precisamos de uns e de outros. Cada um deveria, portanto, se alegrar de que outros façam o que ele não pode: quem cultiva a vida espiritual e o anúncio da Palavra deve se alegrar porque existe quem se dedique à justiça e à promoção social, e vice-versa (cf. Rm 14,13).
Uma segunda observação diz respeito ao problema do êxodo de católicos para outras denominações cristãs. . Alguns anos atrás houve um encontro ecumênico de oração e pregação em Buenos Aires com participação do arcebispo católico e de líderes de outras igrejas, com sete mil pessoas. Ficou clara a possibilidade de uma relação nova entre os cristãos, bem mais construtiva para a fé e para a evangelização.
E a Renovação Carismática se revela, assim, mais do que nunca, segundo a palavra de Paulo VI, “uma chance para a Igreja”. Na América Latina, os pastores da Igreja estão notando que a Renovação Carismática não faz “parte do problema” do êxodo de católicos, como alguns acharam no começo, e sim que ela faz parte da solução.
As estatísticas nunca mostram quantas pessoas ficaram na Igreja graças a ela, encontrando no seu âmbito o que outros procuraram fora. As numerosas comunidades nascidas no seio da Renovação Carismática, mesmo com restrições, e às vezes com desvios, presentes em toda iniciativa humana, estão na vanguarda do serviço da Igreja e da evangelização.



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