No
ofício de cumprir o tempo, equilibrando tédios e harmonizando sentimentos,
muitas vezes, encontramos olhares que se perderam em meio aos dias… Assim
perpetuando a ausência e uma contínua incompreensão acerca do seu verdadeiro
papel no desenrolar da existência.
Parece que, muitas vezes, temos o dom de complicar a
vida! Muito já ouvi e também entoei tal afirmação e percebo que, em muitas
circunstâncias, conseguimos mesmo assassinar a simplicidade em nome do equívoco
e da ansiedade. E isso produz em nós um grande mal…
As maiores crises que vivemos em nossa história têm como
impulso o fato de nos afastarmos da simplicidade. Simplicidade para nos
olharmos, para decidirmos e planejarmos e principalmente, simplicidade para
compreendermos os outros. A simplicidade nos autoriza a entender que a vida
acontece a cada dia, e que somente no fragmento do tempo que se chama hoje ela
caminha possibilitando que a construamos: porém, com um tijolo de cada vez.
Ser simples é entender que posso apenas uma coisa de cada
vez, que a felicidade se constrói aos poucos e que os erros também me ensinam a
ser melhor. O simples contempla a beleza e o inusitado no cotidiano,
ele não vive a gastar inutilmente suas energias na constante procura de
novidades. Ser simples é saber conviver com o comum e nele saber ser
feliz. Tal virtude nos poupa de empregarmos forças naquilo que não nos compete,
pois nos fixa no que é essencial.
A vida se torna vazia para os que se fazem escravos da
ansiedade e que, freneticamente, perseguem a existência. A simplicidade permite
à vida o direito de “acontecer”, sem exigir que ela satisfaça – de forma paranoica – imediatamente a todos os nossos anseios.
A arte de ser simples nos ajuda a colocar coisas e
pessoas em seus devidos lugares, revelando também qual é o nosso lugar na
existência. A simplicidade descomplica e nos faz enxergar os fatos com menos
“dó” de nós mesmos, sem eleger culpados para nossas próprias frustrações. Ser simples é também enxergar as dores com mais
naturalidade, assumindo-as como realidade inerente à nossa condição humana, sem
fazer “tempestade em copo d’àgua”…
Aprendamos com esse dom e permitamos que nossa maneira de
enxergar o mundo nos descomplique, fazendo-nos mais abertos e receptivos à
felicidade, que mora no mistério do comum e das pequenas coisas.
Pe Adriano Zandoná
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