Em resposta ao apelo do Sumo Pontífice de um renovado compromisso com a evangelização me proponho a identificar quatro ondas da nova evangelização na história da Igreja, ou seja, quatro momentos nos quais se testemunham uma aceleração ou uma retomada do compromisso missionário. Quer serão vistas no decorrer das próximas semanas.
A primeira delas é "A expansão do cristianismo nos primeiros três séculos de vida, até a véspera do edito de Constantino, cujos protagonistas, em primeiro lugar, eram os profetas itinerantes e, depois, os bispos;"
Principalmente um motivo faz deste período um modelo para todos os tempos. É o período no qual o cristianismo encontra o seu caminho exclusivamente por própria força. Ser cristão não é um costume ou uma moda, mas uma escolha contra a corrente, muitas vezes com risco de vida. A fé cristã nasce com uma abertura universal. Jesus tinha dito aos seus apóstolos para irem “ao mundo inteiro” (Mc 16, 15), para “fazerem discípulos a todas as nações” (Mt 28, 19), para serem testemunhas “até os confins da terra” (At 1, 8), para “pregarem a todos os povos a conversão e o perdão dos pecados” (Lc 24, 47).
Nos dois primeiros séculos a propagação da fé foi confiada à iniciativa pessoal. “Os cristãos fazem todo o esforço possível para espalhar a fé por toda a terra. Para esse fim, alguns deles se propõem formalmente como tarefa das suas vidas o peregrinar não somente de cidade em cidade, mas também de município em município e de vilarejo em vilarejo para ganhar novos fiéis para o Senhor.”
Um tema que sempre apaixonou os historiadores é aquele das razões do triunfo do cristianismo. Entre as diversas razões do sucesso, alguns insistem no amor cristão e no exercício ativo da caridade, até torná-lo “o fator mais importante e poderoso para o sucesso da fé cristã” O cristianismo se apresenta ao mesmo tempo, como a religião do Espírito e do poder, que é acompanhada por sinais sobrenaturais, carismas e milagres.
É isso o que mais nos acontece hoje: despertar nos cristãos, pelo menos naqueles que pretendem se dedicar ao trabalho da reevangelização, a certeza íntima da verdade do que anunciamos. “A Igreja, Paulo VI disse certa vez, precisa recuperar o desejo, o prazer e a certeza da sua verdade”. Devemos acreditar primeiramente nós, em tudo o que anunciamos; mas acreditar realmente, “com todo o coração, com toda a alma, com toda a mente”. Temos de ser capazes de dizer como Paulo: “Animados pelo mesmo espírito de fé, como está escrito: Eu acreditei, portanto, eu falei, nós também acreditamos e, portanto, falamos” (2 Coríntios 4, 13).
As reflexões realizadas nesta meditação nos levam, em conclusão, a colocar na base do esforço para uma nova evangelização um grande ato de fé e de esperança para sacudir de cima qualquer sentimento de impotência e resignação. Se houver algo que possamos fazer, depois de ter “semeado”, é “irrigar”, com a oração, a semente lançada.
Fr. Raniero Cantalamessa, Franciscano Capuchinho, pregou para o Papa Bento XVI, nos quatro domingos do advento. Essa é a primeira pregação retirada do site do próprio Frei: http://www.cantalamessa.org/?lang=pt
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu nome ;)