sábado, 21 de janeiro de 2012

As quatro ondas da Evangelização - 2ª onda

A Segunda onda é: “Os séculos VI-IX, em que assistimos à reevangelização da Europa após as invasões bárbaras, especialmente pela obra dos monges;”


No fim oficial do império romano, em 476, a Europa já apresenta há tempos um rosto novo. No lugar do império único, temos reinos românico-bárbaros.A Igreja se vê diante de uma decisão de época: que postura adotar perante essa nova situação? Não foi rápido nem sem dilacerações que a Igreja chegou à determinação que a voltou para o futuro. Estava se repetindo, em certa medida, o que tinha acontecido no momento da separação do judaísmo para acolher os gentios na Igreja.


Pouco a pouco, a postura dos cristãos quanto aos povos bárbaros muda. De seres inferiores, incapazes de civilidade, eles começam a ser considerados como possíveis futuros irmãos de fé.  No século VI, um depois do outro, os reinos bárbaros abandonaram o arianismo para aderir à fé católica, graças ao trabalho de grandes bispos e escritores católicos.


A evangelização dos bárbaros apresentava uma nova situação se comparada à do mundo greco-romano. Antes, o cristianismo tinha por diante um mundo culto, organizado, com regras, leis, línguas comuns; havia, enfim, uma cultura com a qual dialogar e com a qual confrontar-se. Agora, ele tem que cumprir ao mesmo tempo uma obra de civilização e de evangelização; tem que ensinar a ler e escrever, enquanto ensina a doutrina cristã.


Os verdadeiros protagonistas da reevangelização da Europa depois das invasões bárbaras foram os monges. As grandes figuras dos monges evangelizadores são os de São Columbano e São Bonifácio.  Ao lermos suas vidas, temos a impressão de reviver a aventura missionária do apóstolo Paulo. A mesma ânsia de levar o evangelho a toda criatura, a mesma coragem de enfrentar toda sorte de perigos.


O que aconteceu na Europa depois das invasões bárbaras nos mostra, acima de tudo, a importância da vida contemplativa para a evangelização. Não basta que na Igreja exista quem se dedica à contemplação e quem à missão. Precisamos que a síntese entre as duas coisas aconteça na vida de cada missionário. Não basta, em outras palavras, a oração “pelos” missionários: precisamos da oração “dos” missionários.


O esforço por uma nova evangelização está exposto a dois perigos. Um deles é a inércia, a preguiça, o não fazer nada e deixar que os outros façam tudo. E o outro é se lançar num ativismo humano febril e vazio, com o resultado de perder pouco a pouco o contato com a fonte da palavra e da sua eficácia. Mas como ficar tranqüilos pregando enquanto tantas exigências reclamam a nossa presença? Como não correr enquanto a casa está pegando fogo? Imaginemos o que aconteceria com um corpo de bombeiros que corresse para apagar um incêndio e, quando chegasse ao local, percebesse que não trouxe nos reservatórios nenhuma gota d’água. Somos nós, quando corremos para pregar sem rezar.


A oração é essencial para a evangelização porque “a pregação cristã não é primariamente comunicação de doutrina, mas de doutrina, mas de existência”. Faz mais evangelização quem reza sem falar do que quem fala sem rezar.


Fr. Raniero Cantalamessa, Franciscano Capuchinho, pregou para o Papa Bento XVI, nos quatro domingos do advento. Essa é a segunda pregação retirada do site do próprio Frei: http://www.cantalamessa.org/?lang=pt

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